Educación Física y Formación Superior

TRABALHO DOCENTE EM CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO SUPERIOR PRIVADO BRASILEIRO

  • Alessandra Galve Gerez (Universidade Federal do Espírito Santo-UFES/BR)
Resumen

O objetivo do trabalho foi investigar as práticas didático-pedagógicas de docentes do ensino superior, que atuam em cursos de licenciatura em Educação Física (EF) do setor privado, situados no estado do Espírito Santo/Brasil (BR). Já é de amplo conhecimento que a formação inicial de professores de EF no Brasil (BR) ocorre, predominantemente, no setor privado, que é caracterizado por instituições com e sem fins lucrativos. As instituições de ensino superior com fins lucrativos tiveram um aumento expressivo nas duas últimas décadas. No estado do Espírito Santo, 96% da formação de professores em EF é realizada no setor privado, que recebe grande contingente de estudantes trabalhadores e provenientes de escolas públicas. Uma parte do empresariado do ensino superior brasileiro entende a Educação como mercadoria e, portanto, há um aprofundamento da precariedade do trabalho docente, bem como um ensino de baixa qualidade. Assim, é de suma importância investigar e compreender como os/as docentes que atuam nestes espaços lidam com as imposições e precariedade do sistema privado, como lutam, resistem e/ou reproduzem as práticas hegemônicas no campo da formação inicial de professores em EF. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, na qual foram entrevistados 21 docentes que atuavam, nos anos de 2017/2018, no setor privado com e sem fins lucrativos. Para compreender as questões específicas do ensino, foram consideradas algumas dimensões fundamentais que compõem a didática, tal como nos orientam Cunha (2010) e Libâneo (2011), a saber: as dimensões ético/políticas da formação; epistemológicas, os conteúdos; as estratégias de ensino, a relação professor-aluno e a avaliação. As informações produzidas foram interpretadas à luz da Teoria Praxiológica de Pierre Bourdieu e de Bernard Lahire. Os resultados revelaram que os e as docentes possuem pouca autonomia pedagógica e ministram grande quantidade de disciplinas, que nem sempre tem relação com sua área específica de formação no campo da EF. Os relatos dos e das docentes também evidenciaram um perfil de aluno trabalho, com renda média-baixa, provenientes de escolas públicas e estudantes de primeira geração, com baixo capital cultural escolar. Assim, apresentam muitas dificuldades em leitura e escrita. Por fim, os e as docentes relataram algumas estratégias didático-pedagógicas para lidarem com essa realidade, quais sejam: a) tornar o abstrato em “algo mais concreto”, como uso de imagens, filmes, leituras coletivas com exemplos práticos; b) aumentar as aulas práticas, esta entendida geralmente como “fazer” as atividades corporais; c) práticas de enquadramento moral e autoajuda, como por exemplo, passar vistas em cadernos, a importância do esforço pessoal e a ética do trabalho; d) práticas de avaliação permissivas e pouco úteis em termos de aprendizagem, pois no setor privado, a reprovação excessiva dos estudantes geram pressão em todo corpo docente e prováveis demissões.
Palavras-chave: Ensino Superior, Educação Física, Formação Inicial, Práticas pedagógicas.