A cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil é considerada pioneira na oferta de serviço público de esporte, recreação e lazer na América Latina. A justificativa de uma cidade desenvolvida a partir dos espaços públicos de lazer e dos benefícios atrelados a eles como saúde, educação e segurança, a estratégia de fortalecer a participação popular através das ações/ relações estabelecidas entre agentes governamentais e comunidades e a descentralização dos serviços com o aumento das Unidades Recreativas em diferentes áreas aparentemente fortaleceu a apropriação desses espaços. Prestes a completarmos 100 anos de políticas públicas de esporte, recreação e lazer a ação governamental de planejar/justificar, espaços/serviços de lazer para os porto-alegrenses feita através da atual Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), responsável pela oferta desses serviços, tem ancorado suas ações na lógica de mercado ofertando eventos em locais estratégicos da cidade, como a região central, e mantendo as poucas Unidades Recreativas com o auxílio de emendas parlamentares e parcerias com o setor privado. Nesta proposta a Secretaria Municipal de Parceria (SMP), passa a ser mais um ator responsável pela mediação que oportuniza a manutenção dos espaços físicos, reunindo empresas e cidadãos através de serviços voluntários e trocas de benefícios. Uma dessas propostas, denominada o ‘Prefeito da Praça’, encoraja o cidadão a se somar ao poder público na gestão dos espaços de lazer. Entendendo que esses espaços são atravessados por diferentes atores, comunidades, Secretarias e empresas privadas, esta pesquisa objetivou mapear os espaços públicos de lazer, Unidades Recreativas e Prefeitura de Praças com o objetivo de compreender a ação, participação e os motivos da aderência da população à política pública de lazer da cidade de POA. Desenvolvemos uma pesquisa documental em que o lócus foi o site oficial da Prefeitura de POA, onde buscamos reportagens e informações que possibilitaram o mapeamento dos espaços públicos de lazer, Unidades Recreativas e os locais de aderência à política “Prefeito da Praça”. Apoiados na chamada Sociologia Pragmática compreendemos que a ação dos atores, a compreensão sobre os limites e recursos está em constante processo de construção, interligada com a ação governamental. O atual recuo no atendimento dos espaços públicos de lazer, a escassez de atividades ofertadas e a expertise adquirida através das experiências anteriores podem estar influenciando na aderência a nova política, visto que os dados nos permitem duas interpretações possíveis: (1) elevado número de Prefeitos de Praça na Região central da cidade nos leva a crer que essa ação individual possa estar ligada a busca de um status político e social; (2) nos bairros onde encontramos demarcadores de desigualdade social e tradição em lutas sociais, a relação, com a Prefeitura e a SMP, tem se mostrado importante para garantir às vivências de lazer da comunidade.