AS MATERNIDADES NA UNIVERSIDADE: O CASO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DANÇA DA UFRGS/BRASIL
- Elisandro Schultz Wittizorecki (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil)
- Simone Santos Kuhn (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil)
- Ana Paula Dahlke (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil)
- Gabriela Nobre Bins (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil)
- Tatiana Martins Terragno (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil)
- Lisandra Oliveira e Silva (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil)
Integramos o Coletivo Mães F3P-EFICE, subgrupo do Grupo de Estudos Qualitativos Formação de Professores e Prática Pedagógica em Educação Física e Ciências do Esporte (F3P-EFICE) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desde 2018, temos pesquisado as relações entre maternidades, docências e Educação Física (EF). Diversos Coletivos que abordam a questão da maternidade no contexto docente e discente têm surgido nas universidades brasileiras - cerca de 30 coletivos de mães criados em diversas áreas de conhecimento nos últimos anos, alguns, especialmente, em decorrência da pandemia da COVID-19. Nesse sentido, o presente texto apresenta resultados de pesquisa de natureza qualitativa que objetivou compreender como as experiências da maternidade impactam a docência em EF e a vida de professoras-pesquisadoras-estudantes da Educação Básica e do Ensino Superior. Para tanto, realizamos um mapeamento sobre a realidade vivida por mães-estudantes dos quatro Cursos de Graduação da ESEFID/UFRGS (Licenciatura em EF, Bacharelado em EF, Licenciatura em Dança e Fisioterapia) e dos cursos de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da ESEFID/UFRGS. O trabalho de campo contou com a participação de estudantes de Graduação e de Pós-Graduação da ESEFID/UFRGS, regularmente matriculados(as) no ano de 2021. Enviamos por e-mail um questionário no Google Forms com objetivo de mapear estudantes que eram mães, pais ou responsáveis legais por crianças e adolescentes, com os critérios de inclusão: ser estudante de Graduação ou de Pós-Graduação da ESEFID/UFRGS; ter disponibilidade para participar da pesquisa; e ter filhos(as) entre 0 e 21 anos de idade. Em 2021, havia 1671 estudantes regularmente matriculados(as) nos quatro Cursos de Graduação da ESEFID/UFRGS sendo 690 estudantes na Licenciatura em EF, 520 no Bacharelado em EF, 250 no Curso de Licenciatura em Dança e 211 no Curso de Fisioterapia. No mesmo ano, o PPGCMH da ESEFID/UFRGS contava com 220 estudantes matriculados(as), sendo 107 no Mestrado e 113 no Doutorado. Responderam ao questionário enviado 101 estudantes: 31 de Pós-Graduação (26 cursando Doutorado e 05 Mestrado) e 70 de Graduação (25 cursando EF Bacharelado, 20 EF Licenciatura, 15 Fisioterapia e 10 Licenciatura em Dança). Compreendemos que o acesso, a permanência e a conclusão do Ensino Superior têm se configurado significativos desafios, principalmente para mães estudantes dos diversos Cursos de Graduação e de Pós-graduação pesquisados. Evidenciamos isso a partir das categorias de análise que emergiram na pesquisa, dentre as quais destacamos: tempo; saúde mental; e práticas docentes. O tempo figurou como o principal desafio enfrentado para se manter estudando simultaneamente às responsabilidades com o cuidado de crianças e/ou de adolescentes. Realizar o Ensino Superior é um direito constitucional e que as mães não podem ser excluídas por estarem nessa condição. É sabido que os primeiros anos da maternidade são os mais desafiadores e que geram mudanças significativas na vida da mulher que se torna mãe. Nesse sentido, o acolhimento nas Universidades é o primeiro passo para que essa experiência não seja traumática, excludente e sofrida para as mães estudantes.